Ponto de Partida: explorando a eficácia do desenvolvimento da SQ [Inteligência Espiritual]

Não há dúvida alguma que a palavra espiritual assusta, ou no mínimo, intriga. Ainda mais se usada para classificar um tipo de inteligência. E é muito mais fácil aceitar sua utilização quando se fala em desenvolvimento pessoal ou profissional individual, do que dentro de contextos corporativos ou de gerenciamento de projetos. Mas como hoje se fala muito em desenvolvimento de lideranças e se valoriza bastante o lado humano dos top performers, dos líderes e gerentes de projeto, inclusive com pesquisas demonstrando a importância das soft skills [1], introduzir possibilidades de desenvolvimento que podem tornar tais profissionais ainda mais capazes fica mais palpável, mesmo em se tratando de um tema que à primeira vista pode soar esquisito. Mas a partir do momento que se compreende seu significado e seu alcance, tudo passa a fazer muito sentido.

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Fora do Brasil já se pesquisa sobre Inteligência Espiritual dentro de um conjunto de contextos profissionais diferentes, além de Gerenciamento de Projetos. Na área acadêmica, diferentes estudos foram feitos com professores universitários, estudantes e mulheres em posição de liderança; na indústria de serviços e manufatura através de análise de comportamentos organizacionais e a qualidade dos serviços entregues; estudos na área de saúde mental, com estudantes universitários; e também entre empreendedores. A área de enfermagem é talvez a que mais tenha sido foco de estudos e pesquisas.

Como profissional certificada nas áreas de Gerenciamento de Projetos e Inteligência Espiritual, um dos meus objetivos é fazer o desenvolvimento das habilidades de SQ mais conhecido com a publicação de conteúdos como este, ampliando esse alcance com apresentações ou palestras introdutórias para grupos específicos que por ventura se interessem por aprender mais sobre ele. Reuniões e conversas individuais particulares também são realizadas, se a intenção for em direção ao crescimento pessoal e consequentemente, profissional. 

De acordo com a 6ª edição do Guia PMBOK, gerentes de projeto de sucesso consistentemente se utilizam de certas habilidades consideradas essenciais. Pesquisas apontam que 2% dos gerentes designados por seus superiores ou times de projeto distinguem-se por demonstrarem competências de relacionamento interpessoal e de comunicação superiores, ao mesmo tempo em que manifestam atitudes positivas.[2] E eu acrescento que conseguir isso em contexto de altas demandas, mudanças de escopo, corte de orçamento, prazos críticos, stakeholders de difícil gerenciamento e otras cositas más, com comportamentos positivos percebidos por seus pares é maravilhoso. Demonstra muita habilidade.

Lidar com pessoas não é fácil e situações extremas podem causar conflitos. Manter a calma ou o equilíbrio em tomadas de decisão cruciais exige do profissional um alto grau de inteligência emocional. Reconhecer seus gatilhos e conseguir gerenciá-los é fundamental. Por vezes é possível demonstrar calma e equilíbrio exterior, com alto nível de esforço e sucesso. Mas isso na maioria das vezes ocorre em detrimento dos níveis internos de paz e harmonia: em prol dos outros, da equipe ou dos resultados do projeto, o profissional enfrenta níveis de estresse e inquietação bem difíceis de gerenciar, muitas vezes só testemunhados por sua família ou amigos mais próximos. Alguns chegam a adoecer. Quem nunca explodiu ao chegar em casa ou reagiu mal a um simples comentário de um vizinho, de um amigo, que não tinham nada a ver com seus problemas profissionais? Competências de inteligência emocional ajudam bastante. Mas o desenvolvimento de habilidades inteligência espiritual pode levar você muito mais além. Seus comportamentos passarão a ser, na maior parte das vezes, serenos e compassivos, e internamente você também estará em equilíbrio, apesar dos problemas, apesar das dificuldades ou de sofrimentos.

E por onde começar? Como avaliar o nível de desenvolvimento de inteligência espiritual das pessoas? É realmente possível medir isso? E se for, como?

Sim, é possível, através de um instrumento de avaliação: o SQ21™ [3], no qual me certifiquei.[4] A grande sacada da idealizadora da ferramenta, no meu humilde entender, foi conseguir conciliar aspectos delicados e controversos em linguagem abrangente, neutra e amigável a qualquer sistema de crença, objetivamente descrevendo um conjunto de habilidades, cujo desenvolvimento pode levar à profunda transformação pessoal e resultar em consideráveis mudanças de comportamento e atitude. Dentro deste contexto, é possível medir os níveis de Inteligência Espiritual. E a ferramenta tem rigor científico, possui níveis altos de confiabilidade e consistência interna, além de validade aparente, validade de critérios e de construto.

Esclarecendo um pouco mais, a auto-avaliação vai investigar seus comportamentos, mas também vai indagar se você já experimentou algum momento de conexão com algo que você considera maior que você, e se você observou algum efeito dessa experiência posteriormente na sua vida, nas suas atitudes. Vai verificar se você tem consciência de questões relacionadas a propósito de vida, missão, hierarquia de valores; analisar a sua complexidade de pensamento interior, indagar se você tem consciência das suas vozes internas, entre outras mil coisas. A ferramenta é bem abrangente e mede exatamente o que se propõe a medir.

O mais importante a considerar sobre a ferramenta é o fato de ela ser um Ponto de Partida. O relatório com os resultados e comentários pode ser, por si só, de grande utilidade. Em se tratando de desenvolvimento pessoal e crescimento espiritual, você decide se quer se desenvolver, até que ponto, e em que áreas. Outro importante aspecto é que o programa de desenvolvimento das habilidades é totalmente personalizado. Existem inúmeras ferramentas de apoio, muita bibliografia que pode ser indicada e tudo isso estará em concordância com a visão de mundo, sistema de crença e contexto daquele que quer se desenvolver.

E lógico, isso também deverá ocorrer em relação à introdução do tema nos contextos organizacionais e corporativos tradicionais, podendo ter diferentes aproximações, principalmente com relação aos cargos de liderança. Muitas vezes se pergunta qual a utilidade dessas habilidades, ou a razão de se chegar ao domínio da SQ dentro dos negócios, ou ainda que valor adicional isso pode ter. O que os negócios ou a empresa podem ganhar com isso? Caso o líder não veja necessidade de mudanças em relação aos resultados que vem obtendo, a resposta é simples e direta: em time que está ganhando, não se mexe. Mas se algo não está dando certo, se a equipe não se engaja, se não existe alinhamento com o propósito da empresa, se falta colaboração, criatividade e sobra conflito, ou se a empresa vai passar por uma grande transformação, talvez seja interessante buscar mudanças um pouco mais profundas, principalmente no mundo de hoje repleto de complexidade e incerteza.

Há muito a ser feito se ocupantes de cargos de liderança estiverem abertos ao valor do desenvolvimento das habilidades de SQ e da aplicação da ferramenta. Os resultados são transformadores nos níveis pessoal e profissional simultaneamente, e podem levar as organizações a patamares mais elevados em diversas áreas.

Se você tiver interesse, se ficou intrigado(a) com a possibilidade de realizar a auto-avaliação, entre em contato comigo por aqui. Dependendo da sua perspectiva em relação à desenvolvimento e crescimento pessoal, seu nível de curiosidade e fascinação pela Experiência do SQ21™ pode ser de uma serena inquietação e conversar sobre isso pode abrir muitos caminhos para você. O primeiro passo é seu.

[1] The Project Manager of the Future: Developing Digital-Age Project Management Skills to Thrive in Disruptive Times. PMI’s Pulse of the Profession® In-Depth Report. ©2018 Project Management Institute.

[2] Project Management Institute. 2015. White Paper, Complexity Management for Projects, Programmes, and Portfolios: An Engineering Systems Perspective, March 2015. Newtown Square, PA: Author In: A guide to the project management body of knowledge (PMBOK guide) / Project Management Institute. Sixth edition. Newtown Square, PA: Project Management Institute, 2017. page 53.

[3] ©2004 Conscious Pursuits, Inc. Licenciado para Deep Change, Inc. Todos os direitos reservados.

Texto publicado originalmente em 29 de janeiro de 2018 no Linked In.