Oficinas de Aquarela, Manhãs de Expressão Gráfica

Há pouco mais de dois anos venho trabalhando com o ensino do Desenho de Observação e da Aquarela. Minha formação em Arquitetura permite que eu me dedique de diferentes formas ao processo criativo e à prática do registro de imagens, sejam elas compostas por figura humana, edificações ou a paisagem natural. Sketches à mão, feitos com caneta, lápis de cor, grafite, nanquim, marcadores, pastel, aquarela, enfim, há uma infinidade de maneiras possíveis.

Como o número e a frequência dos Projetos de Arquitetura estavam reduzidos, uma das soluções criativas que encontrei para diversificar minha atuação, foi dar aulas de D.O. e Aquarela. Assim, foram muitas oficinas, desde o módulo básico para iniciantes no meu próprio espaço de trabalho, passando pela participação em um projeto do Centro Loyola de Fé e Cultura da PUC-Rio, até mais recentemente, ter expandido meu alcance de público com aulas ministradas ao ar livre, em ambiente de montanha, diferentemente do que se faz por aí em termos de aulas externas. Essa ideia se mostrou muito mais do que interessante, tanto para os alunos, quanto para o time de professores que convidei para trabalhar comigo, uma vez que uni à atividade artística, o que chamei de “Experiência de Montanha”.

Antes de considerar minhas atividades profissionais divergentes entre si, consigo enxergar muita conexão entre todas elas. O que me motiva infinitamente é facilitar a transformação do outro e faço isso através da Arquitetura, do ensino de Arte, do Coaching, do Gerenciamento, enfim, todas essas coisas estão intimamente ligadas ao que considero como minha missão. Ajudar os outros a crescer me faz crescer também. Ensinar e aprender, para mim, são partes de uma mesma coisa. E o que certamente me encorajou a tomar a decisão de empreender nesse campo, foi ter tido a oportunidade de voltar a frequentar algumas aulas da graduação, do Departamento de Análise e Representação da Forma na FAU/UFRJ, muito tempo depois de formada. Enquanto frequentava as disciplinas (uma em cada semestre), simultaneamente me tornei professora, de início particular, oferecendo os módulos básicos. Minha prática artística melhorou consideravelmente. Há anos não investia tempo nisso e nada como voltar à prática diária. Consegui produzir um material que, além de ter me deixado muito satisfeita, me rendeu alguns contatos. Num dos eventos culturais de que participei no Centro Loyola, fui convidada pelo diretor a contribuir com o Programa de Oficinas de Oração e Criação, que o Centro promove já há algum tempo, e neste texto vou comentar sobre esta experiência especificamente. 

O Centro Loyola de Fé e Cultura fica na Gávea (você pode conferir todo o conteúdo da programação deles aqui: http://www.centroloyola.puc-rio.br/), pertence à Companhia de Jesus e tem como proposta promover uma formação cristã integral para leigos, através de atividades em 3 eixos diferenciados: Espiritualidade, Cursos e Eventos. Minhas oficinas fizeram parte do eixo Espiritualidade. O Programa das Oficinas tem o objetivo de unir a prática da oração a uma atividade artística ou lúdica. No meu caso, a ideia foi unir a aquarela à prática da espiritualidade inaciana, própria dos Jesuítas e dos leigos que escolhem segui-la. Eu, por exemplo, pratico os Exercícios Espirituais há muitos anos e muitas vezes uso o desenho e a pintura para me expressar, além da escrita. Por vezes, a prática artística em si, é a própria oração.

Foram duas Oficinas intituladas “Exercícios Espirituais em Aquarela”, em dois dias de julho e dois no mês de dezembro de 2018. Em 2019 aconteceu uma Oficina em maio. Em todas, contei com a participação de integrantes da equipe de espiritualidade, o que foi extremamente gratificante. Não preciso dizer que estas oficinas foram bem mais do que um trabalho pra mim, assim como acredito terem sido especiais para os inscritos também. O conteúdo incluiu uma introdução aos Exercícios Espirituais de Santo Inácio e foram apresentados os fundamentos e conceitos básicos da aquarela, técnicas de aguada e misturas de cor. Foram aceitos participantes com ou sem experiência de pintura em aquarela, assim como aqueles que nunca tiveram contato com a Espiritualidade Inaciana. As aulas foram preparadas levando em consideração o número de pessoas com e sem experiência prévia de pintura e de espiritualidade. 

As oficinas ao ar livre, as minhas “Manhãs de Expressão Gráfica”, serão contempladas em outra publicação. De janeiro a março de 2019 foram realizadas cinco Manhãs, cada uma em um lugar diferente, em parceria com um professor diferente, com técnicas e abordagens temáticas também diferentes. Uma infinidade de variáveis, pensando em proporcionar ao público frequente e fiel que se construiria ao longo do tempo uma gama de possibilidades de aprendizado. Inúmeros são os agradecimentos a todo time participante, professores e alunos.

Texto publicado originalmente em 3 de abril de 2019 no Linked In.